Fotografia, muita fotografia. Infância, lançamentos de livros. Poesia, contos, contos infantis, arte digital, lugares inventados, verdades duras demais, praias, mitologias. Gosto, principalmente, de deixar blogs.
24/08/2014
Búzios, Praia de Geribá e Posto 9. 1979 e 1981
Tomei coragem e passei os filmes Super 8 para DVD. Já ri e chorei. Aproveitando que estou "acamada" pela retirada da vesícula, e recebendo visitas, voltei ao passado acompanhada dos meus amigos, e revi os vídeos dezenas de vezes. Búzios no final dos anos setenta e Posto 9 no início dos anos 80. Geribá vazia, Maromba, em Visconde de Mauá, minha gravidez e o nascimento da Maíra Martins, meu noivado com o Nelsinho (que não tem Facebook, mas é primo da Alfa Gnone), a minha festa de noivado do casamento que não houve, na casa em que morávamos em Ipanema, a viagem pra Recife com João Moita, Eneida Parreira, Gilda, Mônica, e os demais integrantes do grupo de Teatro de Bonecos de Maria Luiza Lacerda, e depois em Salvador com Humberto Roliz, Chocolate, Gordo, e outros jovens que não lembro o nome, muitas emoções. Maria Teresa Sa Martins, a Teca, a Pipoca, Guido Gelli, Lucio, Lili, Bete Barata, Paulo Roberto Baratta, os bebês Bruno Baratta, Bruno e Pedro Spadale, Luciano Cerqueira Torres, Andre Torres, Renato Cerqueira Torres, Pedro Spadale (hoje pai de Lucas Spadale). E Arturo Spadale, Judite Alice em Maromba com minha irmã linda Rosana. Paulo Rosa jogando frescobol em Geribá. Paulete Constantino com seus filhos no Posto 9, e Christina Jorge, Catarina, Nicolau, o louco da Aldeia de Geribá, todas as Reginas, Lilian Claudia Alcantara, a Liloca, madrinha da minha filha, Cesar, e Luiz Paulo Serra, o Lupa. E também Doc Comparato, no Paraná, recebendo nossos prêmios pelo concurso de contos que ganhamos em 1979.
Num tempo em que cinco minutos de filme era caríssimo, e a câmera passou apressada por Leila Barbosa, grávida como eu e Claudia na praia de Geribá em 1979. (que vontade que tivéssemos filmado mais cada rosto, sem ideia, naquela época, que ainda seríamos amigos trinta e cinco anos depois). Ah, se eu soubesse... teria arranjado muito dinheiro para filmar longamente todos.
Filme mudo! Uma pena que os filmes tenham vindo com fundo musical aleatório, difícil de editar. Paciência. Aos poucos, vou editando, saturando a cor perdida no tempo, escolhendo eu mesma a trilha. Tomando coragem para passar para DVD a caixa de filmes 16 mm da câmera que papai comprou em 1959, em festas onde veremos a família inteira. Saudade boa, lágrimas muitas, boas, risos, muitos. Recordar é viver, é reviver. Aproveitando que estou acamada, vou fazendo o que posso, e postando no blog www.gloriadebuzios.blogspot.com , onde atualizarei as versões, à medida que ficarem prontas.
E finalmente o muso daquele tempo, o Juja, Jorge Sá Martins, de sunga e violão, lindo como sempre fomos e somos, com as diversas belezas de todas as idades, a quem agradeço pelos momentos felizes, pela música, pela filha e pela neta, pelo afilhado Julian Stenzel Martins, pelo companheirismo eterno, e pela boa escolha da minha comadre, amiga, companheira dos momentos alegres e difíceis, a "Guenga", assim chamada pela nossa neta Isadora, que não soube falar Grand Mother.Kristine Stenzel, rebatizada, virou nossa "Guenga". Viver não é pra gente frouxa, mas com tantos amigos e amores, só tenho a agradecer à VIDA.
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Geribá vazia, me dou conta, sol na cara, ondas. Juventude, essa palavra mágica. Era outro dia e ali estava, sempre ventando, mar de promessas, chacoalhando nos meus próprios pés, eu sabendo-me passageira, bote atravessando.
A qualquer momento o coração dispararia. Eu só tinha um pequeno desejo: mudar o mundo inteiro, seu rodízio e seu balanço. Era mágica e eu tinha consciência.
Não deu nem um minuto e envelheço, injustiça. Viço balão pêndulo em brasa, lá no alto do céu, quase a perder de vista. Choro pela praia de antigamente, eu nela. Chateio-me hoje no amadurecimento. Cai a fruta enquanto vence a conta, multas espalhadas pelo chão do apartamento.
Levo mamãe ao médico e rimos na fila, quase à toa, só porque ela vai viver mais um pouco. Saímos dali e passeamos de táxi, engarrafadas e felizes porque a vida é um privilégio. Veja, mamãe, como ficaram as ruas de Copacabana depois das obras. Choro só de noite. Queria tê-la bem velhinha me aborrecendo. Balão aceso, incerto, baixo, fogo fraco e iluminado. Preparo-me para perdê-la sem remédio enquanto Búzios se emancipa. Não há como evitar este fado de sexta-feira à noite, ouço de propósito, eu mesma liguei o som para saborear bem acre a amargura de não ter os meus próprios vinte anos quando a lua era grátis e eu não tinha que carregar tantos fardos e sacolas de supermercado. E Búzios volta, vota pela primeira vez já que perdeu a inocência: o paraíso onde habitarei eternamente, de cabelo comprido e biquíni, mãe jovem e filha na barriga. Finge que papai era vivo, que meu casamento daria certo para sempre e que um dia eu seria artista, muito artista, mas tudo isso só muito mais tarde, perto do ano dois mil, quando o futuro viesse, sorte grande, esse cai-cai, longínquo balão, bem aqui, na palma da minha mão.
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